segunda-feira, 17 de junho de 2013

situação de aprendizagem (Patrícia)

Situação de aprendizagem
Publico alvo: 6ºano
Tempo previsto: 6 aulas
CONTEUDO E TEMAS: características do gênero crônicas; leitura de diversas narrativas; produção de crônica narrativa; leitura dos textos: “Avestruz e A velha contrabandista”.
COMPETENCIAS E HABILIDADES: reconhece características do gênero: crônica narrativa; comprar narrativas de mesmo; comparar e distinguir de outros textos narrativos de gêneros diferentes; ouvir textos narrativos; produzir crônica narrativa; saber ler reconhecendo globalmente as palavras; ativar conhecimento de mundo; produzir inferências locais.
ESTRATÉGIAS: Ativação dos conhecimentos prévios dos alunos com relação do gênero crônica narrativa; leitura e interpretação dos textos Avestruz e A velha contrabandista; estudo das características crônicas narrativas e elementos da narrativa.
RECURSOS: Copia dos textos e das atividades; uso do datashow para reprodução da estrutura textual e seus elementos.
AVALIAÇÃO: Participação oral dos alunos na análise dos textos; produção de uma crônica narrativa a ilustração interpretativa sobre os textos.

ROTEIRO PARA APLICAÇÃO DA SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM
·                    Num primeiro momento apresentar aos alunos, crônicas de diferentes autores no datashow. Explorar através de perguntas orientadoras o conhecimento de mundo dos alunos; leva-los a inferir informações locais e globais, a partir da analise do titulo, autor e a intenção do autor, veículo em que circula e a finalidade do texto e características do gênero.
Texto 1
Negócio de menino
Tem dez anos, é filho de um amigo, e nos encontramos na praia:
- Papai me disse que o senhor tem muito passarinho...
- Só tenho três.
- Tem coleira?
- Tenho um coleirinha.
- Virado?
- Virado.
- Muito velho?
- Virado há um ano.
- Canta?
- Uma beleza.
- Manso?
- Canta no dedo.
- O senhor vende?
- Vendo.
- Quanto?
- Dez contos.

Pausa. Depois volta:
- Só tem coleira?
- Tenho um melro e um curió.
- É melro mesmo ou é vira?
- É quase do tamanho de uma graúna.
- Deixa coçar a cabeça?
- Claro. Come na mão...
- E o curió?
- É muito bom curió.
- Por quanto o senhor vende?
- Dez contos.
Pausa.
- Deixa mais barato. . .
- Para você, seis contos.
- Com a gaiola?
- Sem a gaiola.
Pausa.
- E o melro?
- O melro eu não vendo.
- Como se chama?
- Brigitte.
- Uai, é fêmea?
- Não. Foi a empregada que botou o nome. Quando ela fala com ele, ele se arrepia todo, fica todo despenteado, então ela diz que é Brigitte.
Pausa.
- O coleira o senhor também deixa por seis contos?
- Deixo por oito contos.
- Com a gaiola?
- Sem a gaiola.
Longa pausa. Hesitação. A irmãzinha o chama de dentro d'água. E, antes de sair correndo, propõe, sem me encarar:
- O senhor não me dá um passarinho de presente, não?

                                                              (Rubem Braga, in "200 Crônicas escolhidas")
Texto 2
Sexa
- Pai…
- Hmmm?
- Como é o feminino de sexo?
- O quê?
- O feminino de sexo.
- Não tem.
- Sexo não tem feminino?
- Não.
- Só tem sexo masculino?
- É. Quer dizer, não. Existem dois sexos. Masculino e feminino.
- E como é o feminino de sexo?
- Não tem feminino. Sexo é sempre masculino.
- Mas tu mesmo disse que tem sexo masculino e feminino.
- O sexo pode ser masculino ou feminino. A palavra "sexo" é masculina. O sexo masculino, o sexo feminino.
- Não devia ser "a sexa"?
- Não.
- Por que não?
- Porque não! Desculpe. Porque não. "Sexo" é sempre masculino.
- O sexo da mulher é masculino?
- É. Não! O sexo da mulher é feminino.
- E como é o feminino?
- Sexo mesmo. Igual ao do homem.
- O sexo da mulher é igual ao do homem?
- É. Quer dizer… Olha aqui. Tem o sexo masculino e o sexo feminino, certo?
- Certo.
- São duas coisas diferentes.
- Então como é o feminino de sexo?
- É igual ao masculino.
- Mas não são diferentes?
- Não. Ou, são! Mas a palavra é a mesma. Muda o sexo, mas não muda a palavra.
- Mas então não muda o sexo. É sempre masculino.
- A palavra é masculina.
- Não. "A palavra" é feminino. Se fosse masculina seria "O pal…"
- Chega! Vai brincar, vai.
O garoto sai e a mãe entra. O pai comenta:
- Temos que ficar de olho nesse guri…
- Por quê?
- Ele só pensa em gramática.
(Luis Fernando Veríssimo in "Comédias para se Ler na Escola", Publicações Dom Quixote, 2002, Lisboa. — 10/11/2005)

·                    Em seguida distribuir os textos: Avestruz e a A velha contrabandista, para a leitura individual a silenciosa a fim de que o aluno realize as inferências locais e globais baseado nas explicações do professor.

Avestruz

O filho de uma grande amiga pediu de presente pelos seus dez anos, uma avestruz. Cismou fazer o que? Moram em um apartamento em Higienópolis, São Paulo. E ela me mandou um e-mail dizendo que a culpa era minha. Sim, porque foi aqui ao lado de casa, em Floripa, que o menino conheceu as avestruzes. Tem uma plantação, digo, criação deles. Aquilo impressionou o garoto.
Culpado, fui até o local saber se eles vendiam filhotes de avestruzes. E se entregavam em domicílio.
E fiquei a observar a ave. Se é que podemos chamar aquilo de ave. A avestruz foi um erro da natureza, minha amiga. Na hora de criar a avestruz, Deus devia estar muito cansado e cometeu alguns erros. Deve ter criado primeiro o corpo, que ser assemelha, em tamanho, a um boi. Sabe quando pesa uma avestruz? Entre 100 e 160 quilos, fui logo avisando a minha amiga. E a altura pode chegar a quase três metros. 2,7 para ser mais exato.
Mas eu estava falando da sua criação por Deus. Colocou um pescoço que não tem absolutamente nada a ver com o corpo. Não devia mais ter estoque de asas no paraíso, então colocou asas atrofiadas. Talvez até sabiamente para evitar que saíssem voando em bandos por aí assustando as demais aves normais.
Outra coisa que faltou foram dedos para os pés. Colocou apenas dois dedos em cada pé. Sacanagem, Senhor!
Depois olhou para sua obra e não sabia se era uma ave ou um camelo. Tanto é que logo depois, Adão dando os nomes a tudo que via pela frente, olhou para aquele ser meio abominável e disse: Struthio Camelus Australis. Que é o nome oficial da coisa. Acho que o struthio deve ser aquele pescoço fino em forma de salsicha.
Pois um animal daquele tamanho deveria botar ovos proporcionais ao seu corpo. Outro erro. É grande, mas nem tanto. E me explicava o criador que elas vivem até os setenta anos e se reproduzem plenamente até os 40, entrando depois na menopausa, não tem, portanto, TPM. Uma avestruz com TPM é perigosíssima!
Podem gerar de 10 a 30 crias por ano, expliquei ao garoto, filho da minha amiga. Pois ele ficou mais animado ainda, imaginando aquele bando de avestruzes correndo pela sala do apartamento.
Ele insiste, quer que eu leve uma avestruz para ele de avião, no domingo. Não sabia mais o que fazer.
Foi quando descobri que elas comem o que encontram pela frente, inclusive pedaços de ferro e madeiras. Joguinhos eletrônicos, por exemplo. Máquina digital de fotografia, times inteiros de futebol de botão e, principalmente chuteiras. E, se descuidar, um mouse de vez em quando cai bem.
Parece que convenci o garoto. Me telefonou e disse que troca o avestruz por cinco gaivotas e um urubu. Pedi para a minha amiga levar o garoto numa psicólogo. Afinal, tenho mais o que fazer do que ser gigolô de avestruz.
Mario Prata
A velha contrabandista
Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal dada Alfândega – tudo malandro velho – começou a desconfiar da velhinha.
           Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:
            - Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?
            A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo e respondeu:
            - É areia!
           Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.
           Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.
            Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
            - Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.
            - Mas no saco só tem areia! – insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
            - Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?
            - O senhor promete que não “espaia”? – quis saber a velhinha.
            - Juro – respondeu o fiscal.
            - É lambreta.
                                                                                                  (Stanislaw Ponte Preta)

·                    Após a leitura será realizada roda de conversa sobre as impreçoes do texto.
·                    O professor propõe ao aluno uma atividade de reconhecimento dos elementos da narrativa, presentes nos textos lidos (personagem, foco narrativo, enredo, tempo, espaço).
·                    Para que haja um melhor entendimento sobre os textos os alunos responderão algumas questões de interpretação como, por exemplo:
Texto Avestruz:
a)                  Você acha possível ter um avestruz como animal de estimação? Justifique sua resposta.
b)                 Explique a expressão “Sacanagem, senhor!”.
c)                  Os argumentos utilizados convencem o menino a desistir de ter um avestruz? Justifique sua resposta.
Texto A velha contrabandista:
a)                  Por que o policial desconfia da velha?
b)                 O que realmente a velha contrabandeava e como o policial descobriu?
c)                  Você se surpreendeu com o desfecho da história?


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